
Defendo a visão positiva da vida como inspiração para as grandes obras do espírito. Remoer mágoas, frustrações, dores, rancores e tantos outros sentimentos doentios e fazer dessa tétrica mistura matéria-prima para “obras de arte”, apresentadas como delírios, uivos, pesadelos ou coisa que o valha, para mim não passa de masoquismo.
Aliás, nada é mais maluco do que a própria origem da palavra “louco”. Paradoxalmente, ela não passa de corruptela do termo “lógico”. Ora, se loucura for lógica, prefiro ser, pelo resto da vida, ilógico e contraditório. E, no entanto, mentalmente são.
Claro que muita coisa poderia ser escrita sobre o assunto, mas não me propus a escrever nenhum tratado, ou ensaio ou coisa que o valha a esse respeito. Minha intenção foi a mais corriqueira possível: a de escrever uma reles crônica, usando, para isso, o recurso que caracteriza esse gênero. Ou seja, “catando no ar” um tema qualquer, profundo ou superficial, importante ou trivial e deitar falação a respeito. E foi o que fiz, não é verdade?
André Gide escreveu: “As coisas mais belas são ditadas pela loucura e escritas pela razão”. Não sei se estas descompromissadas considerações podem ser consideradas como revestidas de alguma beleza. É provável que não. E nem a minha intenção foi essa. Estas linhas, porém, foram ditadas pela loucura (dos outros). Mas escritas (pelo menos acho que sim) por uma certa razão.
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