
30 jan 2009
A partir deste mês, diversas indústrias alimentícias multinacionais presentes no Brasil começaram a adotar regras mais rígidas na publicidade dirigida ao público infantil. Entre as determinações, todas as propagandas e atividades de marketing para crianças até seis anos, deverão ser dirigidas aos pais, e para os maiores as informações transmitidas enfatizarão o uso de dietas balanceadas e saudáveis.
A iniciativa partiu do termo de compromisso europeu EU-Pledge, assinado em 2007 por 11 empresas (Nestlé®, Coca-Cola®, PepsiCo®, Danone®, Kellogg’s®, Kraft®, Unilever® e Burguer King Europa®, etc), com o objetivo de fazer com que as empresas se comuniquem de forma mais responsável com as crianças.
Entre os novos procedimentos, as campanhas não devem gerar expectativas irreais sobre sucesso nem usar personagens de programas. Também não poderão gerar a sensação de urgência no consumo ou criar dificuldades para que a criança diferencie o conteúdo do produto e da propaganda. Já as propagandas e promoções para crianças pequenas sairão dos canais infantis, e serão feitas para os pais em programas adultos.
Essa sugestão é uma resposta às pressões que a indústria de alimentos tem enfrentado com relação à sua comunicação com o mundo. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) abriu consulta pública em 2008 para criar uma regulamentação específica sobre o assunto. E a preocupação das empresas é que a regulamentação seja rígida a ponto de banir a propaganda de alimentos, a exemplo do que ocorreu com os cigarros.
O Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) (www.conar.org.br) também aumentou a vigilância das propagandas de alimentos, produtos e serviços destinados às crianças, sendo uma de suas ações voltada para a Nestlé®. A campanha do Nescau Nutri Junior tinha como slogan as frases “Você vê nutrientes- Seu filho só vê Nescau”. O órgão considerou que o mote estimulava as crianças a rejeitar os alimentos mais saudáveis e determinou a retirada do filme do ar. A proposta é um grande avanço e pode contribuir para a redução da influência da mídia no consumo alimentar do público infantil, sendo uma esperança de redução da freqüente procura por alimentos industrializados e não saudáveis, comumente observada entre as crianças, fator contribuinte para o aparecimento precoce da obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
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